terça-feira, 25 de agosto de 2009

dois

Dois

Eles dois nunca foram de se sacrificar pelos outros. Achavam cada um de seu lugar, que a vida de cada um dependia de seu cada qual. Quem planta colhe, era o que ela dizia e ele se orgulhava de dizer que nunca havia se preocupado com ninguém. Filhos? Melhor não tê-los, parafraseavam, já que cada um achava que isso traria apenas dores de cabeça.
Eles dois apenas andavam e comia, não se pode dizer que viviam, já que para viver é sempre melhor ter alguém do lado, alguém por perto. Melhor só, que mal acompanhada, era o que ela dizia, e ele falava que não gostava de dividir. A verdade era que nenhum dos dois jamais tinha conhecido algum motivo pra querer dividir sua comida, sua cama e sua vida com alguém. As pessoas não sabem como é bom viver sozinho, pensavam enquanto comiam pipoca com refrigerante.
Eles dois não temiam engordar, e já que não tinham para quem ficar bonitos, nem ao menos o faziam por si mesmos. Outros em sua vida? Apenas amigos distantes, desses que nós vemos com a freqüência de um meteoro. Desses que praticamente ignoramos a existência.
Até que um dia eles dois se viram, se encontraram e como todos sabem que acontece se gostaram se motivos. Porque é impossível dizer o que nos faz gostar de alguém. E todos os preceitos morreram. Tudo se desfez todas aquelas coisas, que a princípio pareciam tão razoáveis agora pareciam pura bobagem da cabeça de quem já havia perdido o jeito de viver.
O jeito de viver. Afinal o que é viver? Para aqueles dois, antes, viver era o habito de respirar. Viver agora era prender a respiração assim que o outro chegava. O sangue, o que era o sangue? Antes era aquele liquido vermelho que as enfermeiras tiram da gente. Agora era aquela quentura que subia ao rosto à menção de um simples nome!
E agora eles dois, já não eram dois, eram apenas um em corpos separados. E até mesmo as coisas mais indesejáveis como dividir o copo de sundae viraram um momento inesquecível. Eles dois ele e ela cada um a seu modo, juntos. Eu não vivia antes dele, ela pensava, ele pensava que antes dela estava morto. “embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu” parafraseavam os dois, já que cada um agora sabia que enfim vivia.

domingo, 9 de agosto de 2009

será Maria do Bairro um texto de Sófocles?

As tragédias gregas. Enfim percebo porque chamam as novelas mexicanas de tragédias gregas. Meu deus Édipo precisava mesmo furar seus próprios olhos e gritar tanto???
Por favor! E porque no final todo mundo tem q se matar?? Porque eles não choram como eu faria? Não, você tem 3 opções: nº1: você se mata depois de muito escândalo, nº2: você fura seus próprios olhos depois de muito escândalo, nº3: você se amaldiçoa depois de muito escândalo.
Tem q ter escândalo, isso não é opcional.
Por um momento imaginei estar de novo vendo Luis Fernando ou Carlos Daniel, ao descobrirem que foram injustos com Maria e Paulina.
Sim eu assisti a essas duas novelas e chorei muito. Não vou mentir.
Afinal gente pobre Paulina!
Enfim, esse não é o tema!
Depois de ler as desventuras em serie de Édipo, passei às desventuras em serie de sua filha Antígone. (alias desventuras em serie também são livros gregos??)
Pobre moça! Só porque queria dar um enterro digno ao irmão foi sepultada viva. E no caso dessa a sorte foi traiçoeira. Quando ela ia ser libertada já tinha morrido!
Putz isso q eu chamo de azar do inferno!
E pra completar a tragédia, o noivo dela se mata ao vê-la morta, a mãe dele se mata ao saber q ele se matou, o pai dele se mata ao saber q a mãe dele se matou!
Ou seja, só ficam vivos os leitores!
Minha nossa! Isso q é tragédia!
Ta vendo pessoal? Nunca mais sorria das novelas mexicanas!